Metalúrgicos da CUT discutem política sobre drogas no ambiente de trabalho

Os coletivos de Formação, Mulheres, Juventude, Saúde e Igualdade Racial da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT) debateram pela primeira vez política sobre drogas no mundo do trabalho e o movimento sindical. A atividade, que acontece no Instituto Cajamar, reúne um grupo de 50 pessoas, composto por representantes das federações e sindicatos de bases estaduais.

 

Participaram da mesa sobre o tema Lucio Costa, psicólogo e ex-coordenador de Direitos Humanos e Saúde Mental na Secretaria de Direitos Humanos no governo Dilma Rousseff e Juliana Borges, pesquisadora em antropologia na Escola de Sociologia e Política e articuladora da iniciativa negra por uma nova política sobre drogas. A mesa foi intermediada pelo secretário de Saúde da CNM, Ricardo Ferreira.

 

Em sua intervenção, o psicólogo destacou a participação do movimento sindical para contribuir com o tema no local de trabalho. “Aproximadamente 40% das empresas fazem o teste de antidoping, ou seja, criminalizando e excluindo o trabalhador da sociedade.

Este é o projeto que queremos para os trabalhadores? Muitas vezes, o funcionário potencializa o uso da droga devido a jornada exaustiva, ambiente insalubre, divisão injusta de tarefas etc”, informou. “O Sindicato precisa fomentar este debate porque devemos ter um programa de prevenção às drogas que auxilie os trabalhadores usuários”, disse.

 

Ainda de acordo com ele, é necessário fazer uma inversão na construção social da imagem atribuída às drogas. “Por exemplo, ao invés de pensarmos sobre o problema da droga na vida das pessoas, temos que pensar sobre a droga de vida das pessoas. Precisamos problematizar os motivos e motivação que os trabalhadores têm para estabelecer a relação com as drogas. E tais comportamentos não se limitam, em sua plenitude, de acordo com a legalidade ou ilegalidade de determinada substância”, explicou.

 

Já a pesquisadora apresentou um modelo de acompanhamento para usuários que é realizado em Portugal. “Os portugueses criaram uma comissão para tratar dependentes de drogas. O acompanhamento é realizado por especialistas em saúde, assistencial social e jurídica. A comissão não tem o elemento de violência, que seria a polícia. Nesse programa são criados mecanismos para que os trabalhadores tenham controle das substâncias, ou até mesmo, para que não utilizem mais”, contou.

 

Segundo Juliana, o perfil social mais vulnerável às drogas é o jovem negro. “É uma disputa desleal porque é a maior parte da população, que infelizmente não tem oportunidade de educação, moradia e emprego descente. É o perfil que sofre com a opressão da classe e da raça. A educação é a ferramenta libertadora para esta população”, concluiu.

 

Reformas da Previdência e Trabalhista

Os participantes também apresentaram as mobilizações de seus sindicatos e federações contra as reformas da previdência e trabalhista propostas pelo governo golpista de Michel Temer. De norte a sul no país, os metalúrgicos da CUT utilizaram os materiais da Campanha Nacional da CNM/CUT contra a reforma da Previdência (baixe aqui) nas manifestações para conscientizar os trabalhadores e toda sociedade sobre as atrocidades da reforma.

 

Para os grupos, os atos e paralisações nas portas das fábricas realizadas até agora são uma preparação para a greve geral, marcada para o próximo dia 28.

 

Os técnicos da subseção do Dieese da CNM/CUT, Cristiane Ganaka e André Cardoso, também apresentaram uma linha do tempo com os principais fatos que consolidaram o golpe contra a presidenta eleita democraticamente Dilma Rousseff.

 

Cardoso apresentou as principais mudanças nas leis trabalhistas caso as reformas sejam aprovadas

“Em apenas 10 meses no cargo, Temer aprovou diversas medidas impopulares, mas a favor do empresariado. Além disso, propõe a reforma trabalhista, que vem de encontro com as demandas apresentadas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Essas propostas mudam a representação sindical, precariza o trabalho e dá prevalência do negociado sobre o legislado”, afirmou Cardoso.

“O que fica evidente em todos esses projetos de ataque aos direitos dos trabalhadores é a continuidade de flexibilização de trabalho iniciada na década de 1990”, completou.

 

 (Fonte: Assessoria de Imprensa da CNM/CUT)

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