Um dia após a greve geral desta sexta-feira contra a reforma da Previdência e trabalhista, que contou com a adesão de mais de 35 milhões de trabalhadores e foi destaque na imprensa internacional, uma multidão voltou às ruas na tarde deste sábado (29). Desta vez, a população de Rio Grande (RS) e municípios vizinhos lotou a praça em frente à prefeitura para ouvir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em ato em defesa da indústria naval brasileira, da Petrobras, do pré-sal e da democracia.
O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Paulo Cayres, também participou do ato e destacou a resistência popular na greve geral. “Os golpistas estão reduzindo investimento na indústria e nos direitos sociais. O povo brasileiro mostrou ontem que tem garra e não vai dar trégua se mexerem com nosso direitos”, afirmou. “A Polícia Militar de São Paulo atacou o povo que é contra essas reformas nefastas e a nossa resposta será nas urnas. Vamos reconduzir a esquerda ao poder”, completou.
Rio Grande sedia o polo naval que já foi responsável por mais de 20 mil postos de trabalho diretos e indiretos, e que hoje enfrenta grave crise pela falta de investimentos.
Ao lado de Dilma Rousseff, do ex-governador Olívio Dutra (PT), da senadora Gleisi Hoffman (PT-PR), além de deputados petistas, dirigentes da CUT e de sindicatos, entre outros aliados, Lula desafiou a Rede Globo a apresentar o nome do candidato que deverá apoiar para a Presidência da República.
“Eu peço a Deus que a Globo descubra qual é o seu candidato porque eu, que nem queria ser candidato, terei o maior prazer em derrotar esse candidato. A Globo não se presta mais a transmitir informações, mas em tentar destruir o PT, Dilma e Lula”, disse, sob aplausos da multidão.
A emissora, segundo o ex-presidente, “deve ficar com uma azia desgraçada quando faz pesquisa e vê meu nome”, afirmou, para então emendar que continua sendo o “Lulinha paz e amor”.
Lula atacou o presidente Michel Temer (PMDB) e sua política de desmonte do estado e de ataques aos direitos dos trabalhadores.
“Uma nação não pode ser condenada por alguém que não sabe governar, que não entende da alma desse povo, que não conhece as raízes profundas. Não pode ser governado por alguém que, por incapacidade, está vendendo um país que construímos.”
Ele também provocou o juiz federal Sérgio Moro, a quem prestará depoimento no próximo dia 10. “Não estou sendo ‘julgado’ por corrupção, mas pelo meu jeito de governar. E como dizia Fidel, a história vai me absolver.”
Ao defender o polo naval de Rio Grande como símbolo da indústria naval e da soberania nacional, lembrou o processo difícil de convencimento da direção da Petrobras, logo no início de seu primeiro mandato, para o investimento no conteúdo nacional apesar do aparente custo mais baixo oferecido por empresas estrangeiras.
“A gente tem de pensar no país, nos trabalhadores, e não apenas na Petrobras. É preciso pensar nos empregos que são criados, nos impostos que o país vai receber. E nada mais alegre do que um povo com trabalho digno. Não posso ter o mais barato e ver o povo sem emprego, sem comida, na sarjeta”, disse.
Muito aplaudida, Dilma destacou que até os anos 1980 o Brasil tinha uma indústria naval com capacidade de produção, mas que foi “enterrada pelos governos de Fernando Collor de Mello e FHC”.
“E agora eles (o governo) estão querendo enterrar essa indústria que trouxe emprego de qualidade e desenvolvimento. Vejam que a construção da (plataforma) P71 está parada, quando deveria estar gerando emprego e renda. Está parada porque eles querem vender o Brasil”.
E voltou a dizer que “sofreu um golpe por um bando de corruptos”, quando foi interrompida por um “Fora Temer”. Ela também atacou a Rede Globo como o “principal partido do golpe que quer enquadrar o Brasil no neoliberalismo, na desigualdade e no desemprego”.
(Fonte: Rede Brasil Atual, com informações da CNM/CUT)